Imagine um líder que verifique a todo momento o que cada colaborador faz. Esse cenário caracteriza o microgerenciamento, um problema comum no mundo corporativo que afeta negativamente a produtividade e a satisfação dos funcionários.
Esse tipo de gestão não só desmotiva quem trabalha na empresa, mas também atrapalha os processos. Se uma demanda passa por três colaboradores, e o líder deseja checar todas as etapas, por exemplo, os projetos atrasam, não há inovação e a equipe fica frustrada.
Não é à toa que a principal prioridade das empresas, em 2024, é o desenvolvimento de lideranças, conforme indica pesquisa da Think Work e estudo realizado pela Harvard Business Publishing.
Se você tem dúvidas sobre o termo e quer entender melhor, continue com a gente. Neste post, você aprende:
- o que é microgerenciamento;
- quais as causas;
- os riscos da microgestão;
- como identificar e como evitar o microgerenciamento;
- quando o microgerenciamento é positivo.
Aproveite a leitura!
O que é microgerenciamento?
Microgerenciamento é uma forma de gestão em que um líder ou gerente, em vez de confiar na capacidade de sua equipe, sente a necessidade de controlar todos os detalhes das atividades. Neste caso, interfere nas decisões e exige atualizações frequentes dos colaboradores.
Além de sufocar a criatividade e a autonomia, a microgestão leva a um ambiente de trabalho estressante e desmotivador, pois o funcionário não tem liberdade de seguir com as suas demandas sem a necessidade de revisão ou checagem por parte da liderança.
Geralmente, líderes que microgerenciam acreditam que, sem a sua supervisão constante, os funcionários não realizam o trabalho da melhor maneira.
Leia também dicas de como melhorar a liderança!
Quais as causas do microgerenciamento?
O microgerenciamento sofre influência de fatores pessoais e organizacionais. Quando é pessoal, alguns gestores duvidam de suas próprias habilidades de liderança, o que os leva ao controle excessivo de sua equipe. Ou são extremamente perfeccionistas e focam nos menores detalhes de cada tarefa.
Já quando é organizacional, a administração da empresa incentiva ou até exige que esse tipo de comportamento se mantenha, por acreditar na eficiência e controle sobre os resultados.
Confira outras causas da microgestão!
1 – Centralização das responsabilidades
Você já esteve em um ambiente onde o líder participou de todas as demandas de uma empresa ao mesmo tempo? Esse é o cenário quando o gestor centraliza todas as atividades em si e não delega funções.
Os membros da equipe, que deveriam ser parte essencial dos processos, tornam-se apenas coadjuvantes, sem chance de mostrar suas habilidades e competências. Esse tipo de gestão sufoca a criatividade e cria um lugar onde ninguém se sente valorizado, de acordo com artigo da Psychology Today.
2 – Desconfiança generalizada
A falta de confiança nos colaboradores é uma das principais causas do microgerenciamento. Imagine trabalhar em um local em que ninguém reconheça ou valorize suas competências.
Quando um líder não confia na capacidade de sua equipe, ele cria uma barreira invisível que bloqueia o fluxo de ideias e a colaboração. Sem confiança, é difícil que os funcionários se sintam seguros e motivados.
3 – Controle excessivo
Quando o desejo de controlar cada aspecto do trabalho domina a gestão, o líder se torna um “ditador dos detalhes”. Dessa forma, a obsessão por controle impede que os colaboradores tomem decisões por conta própria.
O resultado desse tipo de atitude? Um time que sente seu potencial ser sufocado. Em longo prazo, essa forma de gestão impacta negativamente a produção da equipe e deixa os funcionários sem perspectivas.
4 – Relatórios constantes das demandas
Pedir relatórios constantes sobre cada etapa dos projetos é sinal de um líder viciado em microgestão. Além de demonstrar falta de confiança na equipe, também indica a necessidade de reavaliar os métodos de planejamento e execução.
Ou seja, o líder precisa ter em mente que é mais valioso investir tempo de maneira eficaz do que apenas exercer controle sobre todas as atividades da empresa.
5 – Pressão por resultados
Em um cenário de microgestão, a pressão por resultados rápidos e de alta qualidade leva os líderes ao controle excessivo para garantir que alcancem as metas.
No entanto, essa prática tem o efeito contrário, já que diminui a produtividade e a qualidade do trabalho.
Confira também os 5 principais tipos de gestão de pessoas neste guia completo!
Quais os riscos de uma empresa que vivencia a microgestão?
A microgestão, apesar das intenções de garantir excelência, traz inúmeros riscos para uma empresa, já que afeta tanto os colaboradores quanto a cultura organizacional.
Veja os principais riscos desta prática!
1 – Funcionários não sentem autonomia
Quando os líderes observam cada movimento de perto e desencorajam frequentemente as decisões, os colaboradores sentem que ninguém reconhece seu trabalho.
Logo, a satisfação e a motivação para lidar com as tarefas do dia a dia diminuem, pois não existe um ambiente em que o respeito e a confiança prevalecem.
Além disso, a equipe não consegue dar o melhor de si, já que enfrenta supervisão constante, conforme indica artigo da Emerald Insight.
2 – Atrasos e ineficiência
Quando o gestor prioriza o micro, ele deixa de analisar o macro das atividades. Dessa forma, os projetos atrasam, os responsáveis não cumprem os prazos e, consequentemente, prejudica a entrega dos resultados.
O problema surge porque, em vez de focar na conclusão das tarefas, os funcionários se prendem a detalhes e tentam alcançar uma perfeição que nem sempre existe.
3 – Criatividade sufocada
Dificilmente os colaboradores pensam fora da caixa quando os líderes os corrigem constantemente e monitoram todas as ações.
A falta de liberdade para explorar novas ideias impede a proposta de soluções e melhorias. Nesse sentido, esse tipo de gestão trava o progresso da equipe e sufoca a criatividade de quem trabalha na empresa.
4 – Perda de sentimento de propriedade
Ter autonomia sobre tarefas e projetos engaja e torna os colaboradores mais produtivos. Então, quando existe um ambiente no qual a microgestão predomina, esse sentimento de propriedade e de realmente pertencer ao trabalho não existe.
Para que os funcionários se sintam responsáveis e orgulhosos de seu trabalho, é preciso que a cultura organizacional ofereça liberdade para todos os membros da equipe. Além de reconhecimento por trabalhos bem feitos, de acordo com pesquisa da Harvard Business Review.
5 – Falta de aprendizado e crescimento dos funcionários
Ao trabalhar para uma empresa, é comum enfrentar desafios, cometer erros e encontrar soluções por conta própria.
Com o monitoramento constante, interrompe-se esse processo natural de desenvolvimento, já que o colaborador não tem a chance de se autoavaliar e aprender com as dificuldades.
6 – Estresse e sobrecarga na liderança
Quando um líder controla todas as demandas e quer que tudo saia conforme ele espera, é bem provável que o nível de estresse aumente e o acúmulo de tarefas o sobrecarregue.
Além disso, a constante supervisão impede que os gestores deleguem responsabilidades de forma eficaz e, assim, cria-se um ambiente de trabalho tenso, em que se busca controlar cada detalhe.
7 – Impactos negativos no clima da empresa
O clima organizacional de uma empresa é a percepção coletiva que os funcionários têm sobre os processos, políticas e práticas desenvolvidas.
Quando esse clima é negativo, alimentado por líderes que microgerenciam, resulta em alta rotatividade de pessoal e dificuldade em atrair novos talentos.
Como identificar um líder que gosta de microgerenciar sua equipe?
1 – Exige cópia em todos os e-mails
Quando você é o responsável por determinada atividade na empresa e, ao enviar um e-mail, o gestor determina que incluam seu e-mail nos envios, reflete-se um sinal de controle excessivo.
Essa necessidade de estar por dentro de tudo o que acontece, e o tempo todo, demonstra o receio da liderança de ficar de fora do que é comunicado e reforça a obsessão de saber quais decisões os colaboradores tomam sem a sua supervisão.
Além dos e-mails, uma gestão que microgerencia também insiste em participar de todas as reuniões que ocorrem na empresa, mesmo sem necessidade.
2 – Toda tarefa precisa de aprovação
Um líder que assume várias responsabilidades não imagina dar controle aos membros da equipe. Ou seja, ele acredita que somente sua supervisão e tomada de decisão são válidas.
Nessas circunstâncias, os colaboradores buscam a aprovação para cada pequena tarefa, até as mais simples. Além de diminuir a confiança e autonomia do próprio trabalho, o time se sente incapaz de tomar iniciativas.
3 – Atualizações a cada passo
Ao solicitar relatórios frequentes sobre cada processo, os colaboradores gastam mais tempo ao justificar suas ações do que realmente concentrados no trabalho.
Assim, a cobrança excessiva cria um ambiente de desconfiança, em que os colaboradores sentem que não são competentes o suficiente.
4 – Foco excessivo em detalhes
Microgerentes têm dificuldade em ver o todo porque estão, a todo momento, presos aos detalhes de cada projeto. Dessa forma, em vez de focar nos resultados, gastam tempo com questões que poderiam delegar.
Além de sobrecarregar o gestor com trabalho excessivo, também impede que os funcionários se desenvolvam e ganhem confiança em suas habilidades.
5 – Percepção de superioridade
Uma liderança que microgerencia acredita ser a única capaz de realizar tarefas de forma eficaz. Por essa razão, controla cada detalhe e exige que todas as decisões passem por sua aprovação.
Esses são apenas alguns exemplos de microgerenciamento e como afetam negativamente as operações de uma empresa. Além disso, influenciam não apenas nos resultados, mas também na satisfação e no engajamento dos colaboradores.
Como evitar o microgerenciamento nas empresas?
É possível criar uma cultura organizacional saudável e evitar o microgerenciamento ao seguir alguns passos. Confira!
1 – Confie no seu time e delegue tarefas
Para que sua equipe se desenvolva plenamente, é essencial confiar em suas habilidades. Não se trata apenas de aliviar a carga de trabalho enquanto líder, mas de permitir que cada membro do time assuma responsabilidades.
Nesse sentido, defina claramente as expectativas e os resultados esperados, e depois confie que sua equipe dará conta do recado. Aqui, é importante compreender que delegar não significa abandonar, mas acompanhar de longe, pronto para apoiar quando necessário.
2 – Crie um canal de comunicação aberto
Ter uma comunicação clara e eficiente é parte fundamental para evitar lideranças microgerenciadoras. Portanto, é importante criar um meio de se comunicar com o qual os colaboradores se sintam à vontade para expressar suas ideias ou preocupações.
Ferramentas de comunicação, como plataformas de chat e videoconferências, facilitam a troca de informações e a colaboração. Além disso, fortalecem o relacionamento entre líderes e equipes.
3 – Identifique formas de apoiar seus colaboradores
Quando a autonomia é um problema, é essencial entender o porquê. Para alcançar esse objetivo, realize avaliações de desempenho e tenha conversas individuais para identificar as necessidades de cada colaborador.
Talvez, os membros de uma equipe precisem de treinamentos específicos, mentoria ou ajustes nas responsabilidades. O principal objetivo, neste caso, é capacitar e garantir que todos sintam-se confiantes e capazes de lidar com suas tarefas sem supervisão constante.
Nesse sentido, um ambiente autônomo de trabalho proporciona:
- funcionários mais conectados e comprometidos com a empresa;
- trabalho eficiente e colaborativo, já que a liderança incentiva o senso de responsabilidade coletiva;
- oportunidades para os funcionários desenvolverem suas habilidades profissionais.
4 – Invista na automação de processos
Automatizar processos manuais e repetitivos libera tempo valioso para o líder focar em atividades estratégicas. O ideal é utilizar software de gestão de projetos e automação de marketing, por exemplo, para simplificar tarefas cotidianas.
Além disso, a automação aumenta a eficiência, reduz a margem de erro e possibilita à equipe focar em tarefas que realmente agreguem valor à empresa.
5 – Concentre-se nas responsabilidades estratégicas
Como gestor, é importante se concentrar nas responsabilidades estratégicas, como planejar e desenvolver novos projetos. Dessa forma, você evita se perder nos detalhes do trabalho diário da equipe e garante o direcionamento dos esforços para áreas que precisam de sua atenção.
Nesse sentido, faça uma lista de prioridades e delegue tarefas que não necessitem de sua intervenção direta. Enquanto a equipe desenvolve seu trabalho de forma autônoma, você mantém o foco no papel de líder.
6 – Ofereça e solicite feedbacks sempre que necessário
Criar uma cultura de feedback contínuo é fundamental para o desenvolvimento e a melhoria constante de uma equipe.
Neste caso, incentive os colaboradores a darem retorno uns aos outros e estabeleça um ambiente corporativo onde o feedback construtivo é bem-vindo e valorizado.
Confira também como dar feedback para funcionários? 7 dicas que vão te ajudar a promover a melhoria contínua.
7 – Realize reuniões one-on-one (1:1)
Reuniões one-on-one, também conhecida por 1:1, são conversas individuais entre líder e liderado para discutir desafios, metas e desenvolvimento pessoal. São ideais para que colaboradores expressem suas preocupações e necessidades.
Para a gestão, esse formato fortalece o relacionamento entre equipes e mostra importância com o crescimento e bem-estar dos colaboradores. Inclusive, os líderes utilizam essas reuniões para fornecer feedbacks personalizados.
8 – Estabeleça espaços para interação e relaxamento em grupo
Além do trabalho, seja na empresa ou home office, crie oportunidades para a equipe se conectar em um ambiente descontraído.
Organizar happy hours ou atividades em grupo é ideal para construir relacionamentos mais fortes, criar um ambiente de trabalho mais produtivo e, assim, diminuir as chances de microgerenciar.
Os momentos de descontração também proporcionam uma pausa necessária da pressão diária e promovem um equilíbrio saudável entre atividades profissionais e lazer.
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Quando o microgerenciamento é uma alternativa positiva?
Embora o microgerenciamento geralmente prejudique a rotina e os resultados de uma equipe, a prática traz benefícios em determinadas situações.
Em determinados contextos, como no acompanhamento de estagiários e no período de onboarding, uma supervisão mais próxima garante o sucesso e desenvolvimento adequado de novos colaboradores.
No caso de estagiários e aprendizes, que estão no início de suas carreiras, uma liderança que microgerencia permite que os novos funcionários compreendam bem suas responsabilidades e executem as tarefas corretamente.
Já durante o onboarding, ou seja, nos primeiros dias de um colaborador na empresa, microgerenciar torna-se essencial. Durante esta fase, os novos funcionários conhecem os processos, as demandas e a cultura da empresa.
Portanto, uma supervisão mais próxima facilita a adaptação rápida e a compreensão clara de suas funções. Também permite que os novos membros da equipe ganhem autonomia mais cedo.
Agora que você já sabe o que é microgerenciamento e como esse tipo de liderança influencia a cultura organizacional de uma empresa, que tal explorar estratégias para implementar ações saudáveis e eficazes?
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